domingo, 14 de setembro de 2008

Paraolimpíadas - cadê?

Já passamos da metade das Paraolimpíadas, e, provando como elas têm menos cobertura e atenção da mídia, nós ainda nem as citamos aqui (claro que não nos orgulhamos disso). Na Rádio UFMG Educativa, onde estagiamos, estamos fazendo uma cobertura até bem completa dos Jogos. Talvez, até mais completa do que a de emissoras grandes. Mas, aqui no blog, em que não temos, obrigatoriamente, que postar todo dia, necas.

O mais incrível é que, nas Paraolimpíadas, o Brasil é uma potência, e daquelas que ainda nem estão no auge. Na última edição dos Jogos, ficamos na décima quarta posição - com 33 medalhas, sendo 14 de ouro – duas colocações a mais que nas Olimpíadas 2004 – em que conquistamos 5 medalhas de ouro, com 10 no total. Já em Pequim, nas Olimpíadas, caímos para vigésima terceira colocação, com 15 medalhas e 3 ouros. E, nos ainda correntes Jogos Paraolímpicos, já temos 31 medalhas e 11 ouros, e estamos, por enquanto, na décima primeira colocação.

Sendo o país, então, muito mais competitivo nos Jogos Paraolímpicos, por que continuamos a não dar bola para este evento?

Mesmo tendo as mesmas instalações das Olimpíadas, festas de abertura e encerramento, pódios e provas emocionantes, as Paraolimpíadas não me parecem ser um evento tão grandioso. Mas, já que a explicação não é a diferença na estrutura do torneio, acredito que seja na cobertura. Durante os Jogos Paraolímpicos, não é feito o escarcéu que vemos nas Olimpíadas. Nos Jogos Olímpicos, a cobertura começa mil anos antes, com especiais sobre cada esporte, cada atleta, retrospectiva do torneio, etc. E nas Paraolimpíadas? Vi muito menos dessa “preparação”. Pergunte a uma mesma pessoa (dessas que nem amam, nem odeiam esportes) quantos atletas olímpicos e quantos paraolímpicos ela conhece. Aposto que a diferença vai ser enorme. E, de onde ela tira muita dessas informações? Do que vê na mídia. Daí minha dedução.

Mas a questão não é apenas dar tanta bola para o evento em si, e sim, para os esportes paraolímpicos como um todo. Afinal, as pessoas não conhecem o Giba de Olimpíadas, mas de ver o vôlei “bombando” na TV nos fins de semana. Está certo que alguns atletas a gente só vê de quatro em quatro anos, tipo o Jadel Gregório. Mas, outros, não. E, tendo que escolher, prefiro que não seja um frenesi só na época de Olimpíadas.

O problema de acompanhar esportes paraolímpicos regularmente é que a maioria deles é mal organizado, não tem confederações ou federações fortes e nem campeonatos freqüentes ou regulares. Assim, fica difícil cobrir essas modalidades. Daí, a gente pode questionar: “então, o investimento nos esportes paraolímpicos é ainda menor do que aquele feito nos esportes olímpicos, e por isso a menor organização, né? E, por que o investimento é menor? Não seria por que a mídia e a sociedade não dão tanta bola para essas modalidades?” E assim vai, eternamente.

Resumindo: o problema vem de vários lados. Mídia que quer audiência, sociedade que dá importância demais a atletas über models (tipo Jelena Isinbayeva), etc. Mas, também não adianta só ficar apontando dedos, que nem eu acabei de fazer. Temos é que pensar em soluções. Alguém se habilita?

Um comentário:

Anônimo disse...

Cruzei com os atletas para-olímpicos no aeroporto hoje e não vi ninguém pedindo autógrafos ou fotos. E olha que tinha medalhistas no grupo. Realmente eles são desconhecidos e ninguém dá muita importância. Pelo menos havia um caminhão de bombeiros para dar uma volta pela cidade.